sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

As Novas Aventuras do Superpato


Olá galerinha!! Demorei mais voltei, e cá estou novamente para desenterrar mais uma pérola das antigas que quase ninguém liga mais e injetar diretamente nesta massa cinzento-amarelada que vocês chamam de cérebro. A HQ As Novas Aventuras do Superpato começou a ser publicada no Brasil pela Abril em 1998 e, assim como o efeito do meu curso intensivo de aumento peniano via web, não durou muito tempo. Pelo menos não por aqui. Lembro que naquela época as HQs americanas estavam meio em baixa (o que só viria a se agravar com a caríssima linha Premium e com invasão dos mangás poucos anos depois). Se não me engano, por exemplo, o Homem Aranha passava pela infame Saga dos Clones, a qual eu pareço ser o único terráqueo a ter gostado. Um quadrinho realmente diferente de super herói era mais do que bem-vindo. SPNA parecia preencher esses requisitos, mas infelizmente foi um fracasso nas vendas. Provavelmente, e com a “ajuda” da pouca publicidade, o público mais velho achou que não passava de um gibi infantil da Disney e nem sequer deu uma chance, e os leitores do público infantil devem ter se sentido atraídos em um primeiro momento, para logo em seguida rejeitar a obra entediados pela relativa complexidade da mesma.
Mas fodam-se todos, só eu tenho razão! Superpato Novas Aventuras (ou Paperinik New Adventures, no original) era do cacilda, não só pela ousadia dos criadores em dar um trato diferenciado e menos infantil a um dos personagens mais clássicos da Disney (o Pato Donald, e também o próprio Superpato), mas por terem criado um universo singular - mesmo que permeado pela mais variada quantidade de referências, influências e clichês (bem-vindos neste caso) do gênero – e revitalizado um personagem que estava bem esquecido.
Em 1996 os editores dos quadrinhos Disney italianos resolveram dar uma recauchutada no personagem e dirigi-lo a um outro público. As histórias do Super seriam inspiradas nos heróis americanos da Marvel e DC, com um traço levemente alterado, mas com uma arte mais caprichada e roteiro mais sério. Fora o próprio Donald, poucos personagens usuais davam as caras por ali. Que eu me lembro, os mais presentes (ou únicos dentre os mais clássicos) eram o Tio Patinhas e o Pardal, este que ajudava o protagonista com seus equipamentos. Uma espécie de Alfred menos submisso e geriátrico. 
Paperinik New Adventures abandonava aquelas histórias infantis para dar um teor mais adulto e menos fácil para o personagem.
Cada um tem o Zordon que merece
Donald é um zelador no edifício Patofuts Tower. Quando encontra um piso secreto no lugar, descobre que era o laboratório secreto de E.Duardo Patofus, um maluco bolado que abandonou tudo ali para ir viver em um mosteiro. É neste laboratório que Donald conhece Uno, uma espécie de inteligência artificial que passa a ajudar o pato como um mentor em suas missões.
Ao contrário do que poderia parecer, Superpato estava menos para um Chapolin Colorado do que para um Batman. Donald passava a ser um herói sério e determinado, que sempre entrava em combate e resolvia os problemas. As histórias nunca tinham soluções simples e muitas vezes o SP tinha que tomar decisões difíceis, entrando em conflito inclusive com Uno e com seus próprios ideais. Dilemas humanos eram freqüentes nas histórias, e até mesmo mortes aconteciam eventualmente. Mas claro que o humor na dose certa estava sempre presente.
Curiosamente (Pra quem, Bruno?, eu te pergunto), na Itália, antes de ser lançado oficialmente, Paperinik New Adventures (PKNA) teve três edições lançadas como “fase de teste” pra ver se a proposta iria emplacar no gosto do público. Foram as edições Zero, ou “Trilogia Zero”, ou ainda Trilogia do Prólogo” se você for mais virtuoso e afrescalhado. Estas edições ainda não mostravam o novo Super em sua forma definitiva. Era mais ou menos uma mistura das antigas histórias da Disney com o novo universo que viria a seguir. Donald ainda fazia referência aos seus sobrinhos, Tio Patinhas aparecia com mais freqüência, e Superpato aparecia voando naquele velho calhambeque do Donald (que o Pica Pau copiou depois. Ou “antes”...).

Uma das edições nacionais
Apesar do belo tratamento (formato americano, papel de qualidade), o que lhe custava nada menos que cinco paus (preço caro pros padrões da época), SPNA fracassou nas vendas aqui no Brasil, e só seis edições foram publicadas pela Abril, fora de ordem inclusive. A editora chegava a pedir informações dos fãs sobre a maneira de publicar a série! Mas ao contrário daqui, em vários outros países o projeto emplacou. Em seu país de origem, a Itália, a revista continuou por 50 edições mensais, fora várias especiais. Após um período de tempo, a série ganhou um reinício batizado como PK2. Essa segunda fase não obteve o mesmo sucesso da primeira, sendo tida como “menos inspirada e mais infantil” que a original. A série, que dentre outras coisas focava bastante no retorno de E.Duardo Patofus (lembra? Não?? Voltem e leiam de novo) à Patópolis após um longo período no mosteiro, foi cancelada na décima oitava edição. Depois disso, ainda tentaram reinventar mais uma vez o personagem, rebootizando (termo modinha do caralho, mas como evitá-lo??) toda a origem dele. Este arco, chamado apenas de PK, foi ainda mais criticado pelos fãs do personagem pela radical modificação de seu universo e considerado uma traição às suas origens. Porra, Dolabela...


Quem te?

Alguns dos outros novos personagem pertencentes a PKNA. Veja que boa parte tem clara semelhança em personagens típicos de HQs de super heróis. Mas como eu já disse, há certas boas formas de trabalhar os clichês para que, ao invés de parecerem desagradáveis, sejam vistos mais como uma homenagem e/ou inspiração, mais ou menos como o Tarantino faz (eu já disse isso mesmo??).


Lya


 

A repórter gatinha – na verdade “patinha” (turudu tizzzz) –que trabalha no 00 Chanel, famoso jornal de Patópolis. Típica personagem repórter que ajuda o herói em suas missões. Talvez não tão típica por ser uma andróide enviada secretamente do futuro. Agora olha essa foto aí e tenta me jurar que é 100% anti-zoofilia.





 Tecão Jones

 
Bicho bruto editor do 00 Chanel. Tá bem na cara que ele é uma releitura do J. Jonan Jamenson do Homem Aranha. O resmungão faz de tudo pra difamar o Superpato e colocá-lo para a sociedade como um vilão, mas quando tá na pior arrega implorando ajuda ao mesmo. Tem a aparência de uma galinha velha (acho...).






Os Antarianos

São os principais inimigos do Super. Extraterrestres que querem dominar o Planeta Terra (nossa!!). Existem vários deles, com destaque para o cruzador Zondag e o comandante Zoster. E pelo visto todo mundo, não só na Terra, com na galáxia inteira é meio ave.



Xadum



Xadum é uma nervosinha guerreira do espaço caçadora de Antarianos. Sendo arqui-inimiga destes, a justiceira naturalmente se torna uma grande aliada do pato mascarado. Ao contrário do nosso herói, ela tem superpoderes, como o de voar de lançar poderosos raios de-alguma-coisa contra os inimigos.




Mas quem é esse cara aí mesmo, ô?



O Superpato foi criado em 1969 na Itália como uma resposta às diversas reclamações dos leitores (que na maioria eram crianças) de que o Donald só se ferrava nas histórias, enquanto gaiatos como Gastão e Tio Patinhas sempre se davam bem. O responsável pela birosca foi o roteirista Guido Martina, que com a ajuda do desenhista Giovan Battista Carpi, deram um uniforme, uma máscara e uma capa pro Donald e o apresentaram por um ângulo diferente do que até antão havia-se mostrado. A primeira história do Superpato, intitulada “Paperinik Il diabólico vendicatore” (Superpato, o diabólico vingador), que hoje em dia é considerada um clássico do personagem, foi publicada em junho de 1969 em duas partes. Nesta história e em diversas posteriores, Superpato mais fazia justiça a si mesmo – ou melhor, ao seu azarado e injustiçado alter ego Donald - do que combatia o crime. Após alguns anos, os criadores perceberam que estavam transformando-o gradativamente em um vilão, então resolveram abandonar esta faceta egoísta do personagem para transformá-lo de fato em um herói de verdade, derrotando criminosos (os Irmãos Metralha e o Mancha Negra eram seus inimigos mais freqüentes) e ajudando os indefesos.
O cara aqui em questão é uma mistura de várias referências, como Batman (vide o cinto de utilidades, o carro personalizado, os inúmeros acessórios... Provavelmente a referencias mais óbvia e utilizada), Zorro, Fantômas, etc. O nome original italiano do rapaz nada mais é do que uma homenagem ao personagem literário Diabolik (Paperino = Donald, Paperino + Diabolik = Paperinik)

O pato heróico continua na ativa. Mesmo após o fim de SPNA, ele nunca parou de ser publicado. Um exemplo é a revista Paperinik Cult, recentemente sendo lançada na Itália.
Dá pra encontrar um monte de edições de SPNA na net, inclusive as que não foram publicadas aqui traduzidas, é só procurar. Faça isso em nome do bom gosto. Adeus.




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