sábado, 16 de março de 2013

6 filmes do Frankenstein da Hammer


Como março é um mês bem chato onde não há nenhuma comemoração especial ou feriado (só chuva e virose, ao invés disso), decidi relembrar aqui 6 dos filmes com o personagem Frankenstein feitos pelo estúdio Hammer entre as décadas de cinquenta e setenta estrelados por um dos maiores astros do cinema de horror, Peter Cushing.

A Maldição de Frankenstein (The Curse of Frankenstein - 1957)



O primeiro filme da franquia é mostrando em um flashback do próprio Barão Frankenstein (Cushing), todo tristoncio e maltrapinho na cadeia. O protagonista começa a contar sua história a um camarada qualquer desde sua infância passando pelos acontecimentos macabros que o levaram aonde está. Com uma bela direção de arte e figurinos, este filme foca em Frankenstein como um verdadeiro vilão bidimensional. Diferentemente do livro e de filmes anteriores onde o cientista é mais uma vítima de sua própria criação, aqui ele se torna um sujeito mesquinho e perverso, capaz de qualquer crueldade para alcançar seu objetivo de criar vida através de restos de cadáveres, chegando até a matar várias pessoas inocentes (ok, só uma. Achou pouco? É porque não foi parente teu, infeliz) para concluir sua obsessão.
Isso não é um spoiler do final, Essa cena acontece lá pela metade, eu juro.
Quando este filme foi feito, os direitos sobre a caracterização do monstro do clássico de 1932 ainda não pertenciam ao domínio público, então restou a produção criar uma maquiagem para a nova criatura  (Christopher Lee aqui) bem diferente da feita por Jack Pierce no filme da Universal. O resultado foi uma criatura com um semblante menos expressivo e memorável que o de Boris Karloff, mas que tem lá seu charminho.
Apesar disso, o filme foi um mega sucesso de bilheteria tornando-se o primeiro clássico da Hammer, e não precisava ser nenhum profeta do Vale a pena ver de novo pra prever uma franquia surgindo.

 A Vingança de Frankenstein (The Revenge of Frankenstein - 1958)


Chegando aos cinemas logo no ano seguinte, A vingança de Frankenstein se inicia logo em seguida aos acontecimentos do filme anterior, lançando mão de uma saída bem espertucha para o Barão ter *SPOILER* escapado da guilhotina no fim do longa anterior *FIM DO SPOILER* se safado no filme anterior. Agora ele foge para a Alemanha adontando o falso nome de, olha a criatividade, Stein, onde pratica a medicina em seu próprio consultório e faz experiências bizarras com cadáveres nas horas de lazer. O doutor agora, juntamente com seu novo ajudante Hans, atua na área de transplante de cérebros, tentando obter triunfo na ressurreição de cadáveres implantando suas massas cinzentas em corpos sadios, assim como reutilizando outras partes de corpos de pacientes em suas experiências, como braços. O que o Doutor não sabia era que sua criação assumiria uma personalidade assassina, causando horror e destruição e aquele negócio todo.

Processando o açougueiro em 3,2,1...
Sendo realizado simultaneamente ao clássico Drácula - O Vampiro da Noite, muitos dos mesmos recursos disponíveis na produção foram utilizados em ambos os filmes.
Muito elogiado pela crítica e mais uma vez acertando em cheio nas bilheterias, A Vingança de Frankenstein é de fato um filme deveras supimpa. Seu brilhantismo reside no roteiro agil e nada previsível, contendo uma reviravolta final sutilmente macabra e inteligente.

O Monstro de Frankenstein (The Evil of Frankenstein - 1964)



Após seis anos em recesso, o Frankenstein britânico volta agora sob a direção de Freddie Francis, e dá claras demonstrações de queda de qualidade. Primeiro que, enquanto o anterior tinha uma ligação direta com seu antecessor, no caso o primeiro filme, este aqui não mostra praticamente ligação alguma com os outros filmes. Embora Cushing permaneça no papel do Barão, parece que a ideia era iniciar do zero ao invés de continuar de onde parou. Isso não seria problema se a ideia fosse bem utilizada. Aqui, Frankenstein e seu fiel parceiro Hans (agora interpretado por outro ator), entre uma experiência mal sucedida e outra, fogem da polícia e seguem uma ruivinha muda até uma caverna, onde lá encontram cristalizada uma criatura que o doutor havia criado anos antes. Decidido a reviver tal aberração, Frank conta com a ajuda de Hans, da mendiga mudinha e de um especialista em hipnose bem fanfarrão.


O filme se perde mesmo ao não se identificar em momento nenhum com o gênero terror. Enquanto seus predecessores tinham toda aquela aura sombria e se esforçavam para manter um clima mínimo de suspense, este se tornou risível em muitos momentos, como quando o pilantra do filme hipnotiza a criatura e a faz roubar objetos de valor. Mas o longa tem seus méritos. Os produtores finalmente conseguiram os direitos sobre a clássica imagem do monstro da Universal, e aqui puderam utilizar uma caracterização semelhante a da criatura. E apesar da enorme testa de baleia cachalote, ficou muito bacana. Uma das minhas caracterizações favoritas da criatura de Frankenstein. O doutor aqui  tambémassume uma personalidade menos vilanesca e mais heroica que nos longas anteriores. Balanço geral do filme: Simpatiquinho. Sem mais.

... E Frankenstein Criou a Mulher (Frankenstein Created Woman - 1966)



Dr. Frankenstein, agora vivendo no pequeno vilarejo de Balkan e sem explicações de como saiu ileso do filme anterior (pois... bem... não saiu) inventou agora a marmota de transmutar almas de pessoas mortas para outros corpos. Quando seu assistente é sentenciado injustamente à guilhotina e, após sua execução, sua namorada manca, deformada facialmente e ruiva se mata, ele tem a oportunidade perfeita para executar seu plano diabólico, que consiste em transferir a alma do falecido assistente para o corpo da moça suicida (é, meio gay), e ainda consertando o rosto cheio de cicatrizes da donzela a transformando em uma bela mulher. O que ninguém esperava (eu pelo menos achava que o filme terminaria aí, com uma experiencia bem sucedida e todos os personagens restantes iriam pro bar comemorar) era que a moça iria começa a conversar com o espírito de seu namorado, que está agora no seu corpo mas meio que misturado com o espirito dela ... enfim, é confuso... e procura vingança contra os culpados por sua morte.


Com a direção voltando para as mãos de Terence Fisher e um roteiro mais conciso e centrado no suspense e na ficção, surge mais um sucesso da Hammer e da franquia baseada no personagem de Mary Shelley. O título é uma brincadeira com outro filme contemporâneo e famoso chamado ...E Deus Criou a Mulher, de Roger Vadim, estrelado por Brigitte Bardot. Apesar de todas as boas críticas, ainda tenho certas resalvas, que guardarei pra mim por motivos de tanto faz. Mas uma mulher serial killer em um filme do Frankenstein é algo interessante de se ver, admito. A tetéia Susan Denberg fez esse filme e uns poucos antes e depois sumiu do mapa. Sabe-se que fez uma playboy da época e deu as caras em um episódio de Star Trek, tendo evaporado logo em seguida. Boatos de que se suicidou por vício em LSD rolam nos bastidores, mas também pode ter se isolado do mundo em sua terra natal, vivendo no anonimato até o fim de seus dias.

Frankenstein Tem Que Ser Destruído (Frankenstein Must be Destroyed - 1969)



Claro que nosso amigo não ia parar de inventar moda por aí. O doutor voltar ao ramo dos cérebros, agora tentando reconstruir a massa cinzenta de um antigo parceiro para voltarem a fazer suas saudáveis experiências juntos do jeito que o canhoto gosta. O vilanesco protagonista conta agora com a ajuda de um abobado e jovem medico e de sua esposa (vivida pela delicinha Verônica Carlson, uma das musas da Hammer), ambos sendo vítimas de chantagem do doutor e comendo o pão que o diabo amassou nas mãos deste.


É considerado um dos mais violentos do estúdio, principalmente pesas cenas de cabeças sendo cerradas em longos takes e cérebros a mostra. É também um filme que foca  mais no personagem Frankenstein que em uma de suas criações. E falando nele, o cientista está agora mais vilanesco no que nunca, não mostrando qualquer traço de remorso, piedade ou caráter, itens os quais dava leves resquícios nos dois filmes anteriores. Há inclusive uma cena onde estupra Verônica Carlson (a personagem, por favor), em uma sequencia totalmente deslocada do roteiro. Dizem por aí até que tal cena nem tava no script e foi incluída só para agradar os distribuidores americanos. Enfim, um filme bem intenso e cheio de reviravoltas e destinos trágicos até para alguns personagens inocentes. Acima da média, eu diria.

Frankenstein e o Monstro do Inferno (Frankenstein and the Monster From Hell - 1974)



Um jovem médico faz experimentos com cadáveres a torto e a direto até ser descoberto pela polícia e ser enviado a um asilo de loucos e criminosos. Lá, encontra seu maior inspirador, o Barão Frankenstein, que mesmo estando preso continua suas experiências pouco religiosas. Ambos se unem e, com a ajuda da bela assistente ruiva - é, a terceira na franquia - e muda Sarah (Madeline Smith, outra que já participou de alguns outros clássicos da Hammer, entre eles o excelente The Vampire Lovers) planejam colocar o cérebro de um gênio em um corpo animalesco de um paciente que supostamente teria cometido suicídio.

Sendo o último filme de Terence Fisher na direção e o último da franquia Frankenstein do estúdio, Frankenstein e o Monstro do Inferno deixou a desejar de acordo com a crítica, principalmente devido ao baixíssimo orçamento, visível principalmente na carência dos cenários e na caracterização do monstro, que, apesar de legal, não perde em nenhum momento a cara de "filme B" (apesar de falar muito pouco, quando o faz sua boca permanece imóvel). Produzido em 1972 mas lançado apenas dois anos depois, este longa derradeiro conta com o melhor assistente do Barão. Dr. Helder, interpretado pelo excelente ator Shane Bryant, apesar de não ser um vilão, demonstra plena falta de caráter, o que faz sua química com o protagonista funcionar muito bem, principalmente quando eles discordam. A criatura é interpretada por David Prowse, o Darth Vader. Curiosamente, mesmo sendo planejadamente o último, esrte é o único filme da franquia que dá uma deixa para continuações, sendo que os anteriores sempre pareciam dar um ponto final à carreira do Barão.

Então é isso. Há um outro filme com o personagem feito pela Hammer que eu não listei aqui, chamado O Horror de Frankenstein, que eu não vi portanto não posso falar nada. Só que David Prowse faz a criatura e Ralph Bates as vezes do Barão. Sem nenhuma ligação com os outros filmes aqui citados (é o único a não ter  Peter Cushing no elenco), é considerado meia boca e o pior filme do estúdio inspirado no personagem. Achei meio difício de encontrar, portanto se alguém tiver o link para downlodeá-lo eu agradeço desde já a generosidade.

See yaa!!

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