domingo, 27 de abril de 2014

Review: Vi Är Bast! (U.S.: We Are The Best / BR.: Não sei o título no Brasil)


Um dos filmes que eu estava mais ancioso pra ver ano passado e acabei não vendo porque obviamente não foi lançado em cinema nenhum aqui em Manaus - e quiçá no Brasil todo - e também porque só encontrei disponível o download lá por janeiro ou fevereiro desse ano. Daí eu já tava com preguiça e só vi um dia desses.
Mas como eu já disse antes, este blog é atemporal, então ninguém precisa nem fingir que essa crítica é atual. Ou vocês podem emergir das eternas areias movediças do tempo por alguns minutos e fazer de conta que ainda estamos em 2013, onde celebridades morriam mais que o Yoshi em fase aérea e a Anitta ainda tinha nariz.

Mas como eu dizia, Vi Bast não-sei-das-quantas era um dos filmes mais esperados por mim ano passado e isso porque Lukas Moodysson, meu diretor favorito (ok, um dos), estava a mais de dez anos sem fazer um filme bom. E olha que ele só fez três longas decentes (e, por que não, maravilhosos): Fucking Amal, Tillsammans e Lilya 4-Ever. Seu curta Bara Prata Lite de 1997 também é muito interessante.
Mas o fato é que, depois de Lilya, o cara só deu bola fora. A menos que você tenha se contentado com coisas cafonérrimas como Corações Em Conflito e Container, e daquela desgraça chamada Um Vazio No Meu Coração.

Desce daí, meu! Ainda quero ver a continuação de Fucking Amal (Sonhar pode)
Com We Are The Best - URGENTE: Acabei de descobrir que o título brasileiro do filme é "Nós somos os Melhores" (isso mesmo, "os" e não "as") e preferia ter ficado sem saber - , o diretor sueco voltou às suas raízes, recapturando o estílo cômico e leve de seus dois primeiros longas, Fucking Amal e Tillsammans, algo que ele abandonou em seus projetos mais sérios, experimentais e "inglesados" doravante Lilya. Falando nisso, a decisão de fazer um filme 100% em seu país e idioma de origem foi outro golaço.
Baseado na HQ de sua esposa Coco Moodysson, o filme ambientando na fria Stocolmo dos anos oitenta conta a história de duas garotas na casas dos 13 anos (Bobo e Klara) que decidem formar uma banda de punk rock, mesmo não tendo domínio nenhum em quaisquer intrumentos e sendo desestimuladas pela própria decadência da cena no período. Ambas convidam a recatada e talentosa Hedvig para inserir um mínimo de talento na banda como sua guitarrista.


O resultado geral só podia ser positivo. Os enquadramentos e movimentos de câmera lembram totalmente a fase final dos anos noventa / começo dos 2000 de Moodysson, sua melhor, diga-se de passagem. Um dos vários elementos que lembram sua melhor forma, como também a ambientação na dita "década perdida", algo que o cineasta já tinha feito em Tillsammans.
Não espere um filmne seguindo os padrões dos filmes Hollywoodianos de banda, com aquele trajeto clássico e seguimentado mostrando o início, a ascenção e decadencia dos músicos em questão. Aqui o que vale é o humor, e ele funciona da maneira mais natural possível. A impressão que dá é que as três protagonistas foram deixadas para se divertirem sem roteiro e com as câmeras ligadas de tão involuntárias que suas cenas parecem. Dentre as mais engra (pode usar esse termo aqui sem parecer ridículo?), destacam-se a cena que que Klara e Bobo são obrigadas por seu professor de ginástica a correr um certo número de voltas as redor do ginásio mas só o fazer quando ele está de olho, a cena em que uma delas tem seu cabelo cortado pelas outras duas, e a que Hedvig assiste estática pela primeira vez suas futuras companheiras de banda "tocando". O contraste cultural e comportamental da guitarrista com as outras duas é uma das coisas mais divertidamente interessantes do longa.
As referências à música Punk não se faz muito presente. O que ouvimos são mais músicas que provavelmente tocavam no inicio da década em questão na Suécia mesmo, ou seja, coisa que nem eu nem você ouvimos. A menos que vossa senhoria seja 'O" fodão e conheça bandas punk escadinavas. Se for o caso, desculpaê. Por isso e por eu ter escrito HQ e não Graphic Novel mais acima.


Mais uma vez sem repetir elenco, temos um atrizes totalmente novatas como protagonista. Moodysson nunca foi de panelinhas, o que, cofesso, acho uma pena. Adoraria ver atores/trizes de outros filmes seus (Rebecka Liljeberg, Alexandra Dahlstrom, Artyon Bogucharskiy, Oksana Akinshina, etc) trabalhando em novos projetos com ele.

Intercalando lindamente o cômico com o drama familiar sempre presente em sua filmografia, Moodysson cria uma obra que, se não chega a ser tão supimpa/daora/top quanto seus aclamados primeiros trabalhos, nos mostra que o diretor ainda tem muita lenha pra queimar, principalmente se se ater nos elementos que melhor domina e deixar as pretenções de lado. Que não demore mais tanto pra vir um filme novo, mas quem sou eu pra reclamar de atrasos, descumprimentos, decepções e vacilos? Foda-se o mundo.



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