E
dezesseis anos depois, Chris Cornell volta para onde eu prefiro que ele fique:
No Soundgarden. Uma das maiores bandas da era grunge retornou às atividades
recentemente e lançou mês passado o álbum King Animal, sucessor de Down On The Upside,
que foi lançado láááááá em 1996.
Como o
Soundgarden sempre foi uma das minhas bandas favoritas, eu tava bem ansioso por
este lançamento depois de tanto tempo. O fato da banda ter voltado não é lá tão
surpreendente assim, já que da segunda metade
da década passada pra cá virou a maior moda da música uma cacetada de
bandas extintas dos anos noventa voltarem à ativa. O Smashing Pumpkins voltou,
o Rage Against the Machine voltou, o Faith No More voltou, parece que só que
não voltou foi Os Raimundos, que desde os anos 90 nunca mais deu sinal de vida.
Opa, pera... Eles não acabaram??? .... Seguimos...
Porém,
apesar desses e outros tantos grupos terem retornado, foram poucos os que
realmente lançaram material novo ao invés de só fazer shows para arrecadar
fundos para sustentar as crianças famintas (das casas deles). Os que me vem à
mente agora são o Stone Temple Pilotes, o Bush e o Alice in Chains com o
excelente Black Gives Way to Blue. E agora, claro, o Soundgarden. Mas e aí?
Esse novo álbum é bom? Vai abalar as estruturas do mundo da música? Vai mudar
sua vida fonográfica? Será que é melhor que o último do Chiclete com Banana?
Será que alguma faixa estará na trilha sonora do próximo Big Brother? Enfim,
esta caralha de cd vale à pena ser ouvida ou é uma tralha que merece um
lugarzinho especial na lixeira ao lado do ultimo filme do 007 e das matérias do
Zeca Camargo??? Sei lá, porra, vai ouvir, eu não sou crítico musical.
Brincadeirinha.
Bem... não sou mesmo, mas vou dar uma de mesmo assim.
Antes do
lançamento de King Animal Cornell vivia dando declarações de que este não seria
um álbum saudosista, e sim uma coisa diferente de tudo que a banda já tinha
feito (coisa que 23 entre cada 8 músicos afirmam sobre seu mais recente
lançamento).
Você traiu o movimento Pearl Jam, véio! |
O fato é
que, ao ouvir o material na integra, ele soa bem ao contrário do que Cornell
sugeriu. King Animal parece ter sido gravado em 1997, e pouco em seus 51
minutos de reprodução traz resquícios de novidades ou mesmo uma maturidade um
pouco maior do que a banda já tinha em sua época de ouro. A música Worse
Dreams, por exemplo, parece que foi uma pura homenagem à era grunge, de tão...
grunge e anos noventa que ela parece. Vou dizer logo que, imparcialmente à ser
fã da banda, gostei do álbum. Ele não é ruim, só não é esforçado como deveria/poderia.
O dito
cujo se inicia com a fanfarrona Been Away too Long, uma típica música de
abertura de uma banda de rock pesado, vigorosa, rápida, e com o título fazendo
menção aos anos em que a banda permaneceu no hiato. No caso, “Been Away too
Long” = “Eu estive longe por muito tempo”, ou “já esteve (?) longe muito tempo”
segundo nosso indefectível amigo Google Tradutor. Foi o primeiro single do novo
trabalho, ganhando até um clipezinho chato, mas a música funciona.
Seguimos
com Non-State Actor, mantendo quase o mesmo ritmo da anterior, mas agora um
pouco mais cadenciada e cheia de grooves. Ótima canção ,por sinal. Logo após
entra com passos trapaceiros By Croocked Steps (que em português quer dizer
“Passos trapaceiros”. É, eu tentei fazer uma piadela em cima disso), um pouco
mais pesada que as duas anteriores, e agora de uma maneira mais soturna e crua,
lembrando a fase Louder Than Love . E vamos à quarta faixa, chamada A Thausand
Days Before, uma brincadeirinha com o título de outra música do Badmothorfinger
chamada Room a Thausand Years Wide (eu acho, ou estou delirando febrilmente). É
de longe uma das minhas favoritas, e talvez a única que mostre a banda tentando
buscar novos elementos e fazer algo diferente do ocasional. A canção me lembra
muito baião e outros estilos musicais nordestinos (o delírio febril ainda é uma
hipótese). A bicha é boa, recomendo ser ouvida. E como a caravana não pode
parar, Blood On The Valley Floor chega arrebentando tudo, sendo a faixa mais
pesada do álbum e uma das melhores. Com uma letra atmosférica e refrão
grudento, se tornou uma das minhas queridinhas nas primeiras ouvidas.
Como se o proprietário não fosse aparecer e dizer que eles estão atrapalhando a passagem. |
Pra dar
aquela acalmada básica nos nervos, somos desafiados a ouvir Bones of Birds, que
além do título escroto, não sabe se decidir se realmente é uma balada ou não. A
música tem um belo verso, no naipe das melhores baladas do Audioslave, mas o
refrão alto destoa totalmente do resto da canção, o que acaba sendo um
desperdício do que poderia ser uma ótima música pra acender isqueiros e
balançar os braços feito bocós em shows. A sétima faixa, Taree, segue mais ou
menos o mesmo padrão: Uma música inicialmente lenta, com um verso agradável de
se ouvir, mas um refrão mais pesado que novamente destoa do que foi apresentado
até então. Mas Taree consegue ser mais bem sucedida que Bones of Birds e a
música consegue se homogeneizar se encaixa em si mesma perfeitamente. Ficou bem
na boa. Attrition vem na sequencia, com um rock mais pesado e rápido contrastando
com as duas anteriores. O riff inicial tem um estilo um pouco diferente do que
a banda tradicionalmente faz, fazendo parecer mais uma música do Bush que do
Soundgarden. Cornell canta ela toda em um só tom, quase mecanicamente. Apesar
disso, a música não fica monótona e é bem agradável aos ouvidos. Então ouvimos
Black Saturday, que é quase toda acústica (apesar de não ser uma balada), com exceção
da parte logo após o refrão, onde Kim Thayil introduz uma guitarra elétrica
mais heavy. Com uma bela letra, essa é uma das minhas favoritas, contendo a
melhor linha de baixo do trabalho inteiro. Ponto pro Ben Shepherd. Outra das
minhas queridinhas do álbum é a que vem logo em seguida, Halfway There. Também
acústica e mais melancólica, a música é toda trabalhada em sentimentalismos e
saudosismos, acentuados pela ótima letra. Talvez a mais pop do King Animal. Falando
no diabo, este chega a sua reta final com Worse Dreams, que eu achei meio assim-sei-lá.
Não sei nem como descrever a música, só que ela é pesadinha, com um riff
repetitivo e um refrão pegajoso. Provavelmente a que menos me agradou. As
coisas dão uma melhorada em Eyelid’s Mouth. A penúltima música é muito bem
trabalhada, e assim como Black Saturday, o baixo é que determina sua
constância. Também tem um dos melhores solos do cd. Para encerrar com chave de
ouro, somos apresentados à ultima faixa do álbum, Rowing. Uma das melhores ou
provavelmente a melhor. Tem um refrão repetitivo e tão grudento que talvez você
o memorize já na primeira audição. Com uma letra empolgante, a música segue um ritmo
cadenciado em sua maior parte, até explodir em uma sonzeira com um solo foda de
Thayil e Cornell arrebentando nos vocais. Essa eu já coloco entre as melhores
da banda.
Arf, então
é isso, chega por hoje. Curtinho assim, fazer o quê? Só pra finalizar esta
resenha de boston, esse álbum não vai mudar a vida de ninguém e nem entrar em
um livro sobre 1001 coisas que você tem que fazer antes de morrer, mas não é
ruim e não fracassou (foi lançado há umas três semanas e vendeu muito bem,
obrigado). A impressão que dá é que a banda não se reuniu pra lançar algo que
chamaria a atenção da indústria, mas sim continuou na ativa todo esse tempo e
lançou um álbum meio nas pressas e com poucos anos de diferença de um material
de inéditas anterior. Isso por um lado é bom por mostrar que o grupo tá
entrosado e a química entre eles funciona bem. Espero mais lançamentos e
turnês.
Aliás,
esse é um post que soaria melhor se fosse publicado semana passada ou antes,
mas como vocês sabem eu sou retardatário às pampas. Tanto que, pra terem uma
ideia, só há alguns anos eu descobri que o Zeca Pagodinho não era cego. Sim,
porque por algum motivo eu passei anos pensando que o infeliz não enxergava!
Não me perguntem o motivo, eu igualmente desconheço.
E chega de divagações!
Antes que eu termine o post falando sobre meus conhecimentos sobre pagode,
melhor encerrar por aqui. Até a próxima com o post de Natal! Adels...
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